O dia que eu fui ao psiquiatra
Atualizado: 13 de abr. de 2021
Todo mundo nessa vida já teve uma situação de emergência que teve que correr para o pronto socorro.
Estou certa ou estou errada?
Quando a gente se dá conta que a dor está demais, a febre aumentou muito, o mal estar é desesperador, então nesse momento a gente dá um jeito e vai correndo para o pronto socorro.
Pois bem…
-Quando não conseguimos mais ler as letrinhas pequenas a gente vai ao oftalmologista.
Quando estamos com dor em algum dente, vamos ao dentista.
Quando nosso filho está passando mal, sempre temos um pediatra do coração para levar nossos pequenos.
Quando eu como demais e espero um milagre para emagrecer, eu vou ao endocrinologista ou a um nutricionista.
E por ai vai….
Outro exemplo que uso sempre: Quando descubro que a minha tireoide está funcionando de maneira irregular, vou a endocrinologista e pode ser que ele me prescreva uma medicação para eu usar o resto da minha vida, porque a minha querida tireoide veio com algum problema de fábrica e não sabe mais trabalhar sozinha.
Ouuuuuu
Quando sou diabética e preciso tomar insulina…
Tenho glaucoma e preciso aplicar colírio para sempre…
Tenho psoríase (eu sim!!!) e precisamos usar corticoide quando ela resolve dar o ar da graça…
Mas quando se trata de psiquiatra, as coisas mudam significativamente de entendimento.
“Eu não sou louca”;
“Eu não sou maluca”;
“Eu não vou tomar medicação e ficar viciada para o resto da vida”;
“Eu consigo sair dessa sozinha”;
“Só pessoas fracas vão ao psiquiatra”;
“Eu dou conta sozinha”…
Vocês não imaginam a quantidade de coisas que eu já ouvi…
Só que psiquiatra é médico como qualquer outro e não sei porque cargas d´água as pessoas tem tanto receio e preconceito.
Eu, como psicóloga faço o meu trabalho, porém consigo reconhecer quando a psicoterapia poderá auxiliar até um determinado ponto, pois existem questões que são fisiológicas / orgânicas.
Por exemplo: A pessoa já está tanto tempo triste, mas tanto tempo mesmo, que o organismo dela desaprendeu a fabricar a substância necessária para ela ficar feliz. Então a psicóloga vai ajudar a lidar com as emoções e sentimentos, e o psiquiatra vai indicar a medicação certa para que o organismo volte e restabeleça o funcionamento e a fabricação do que é necessário para ele ficar “feliz” de novo.
Entenderam?
Claro, que cada paciente é um paciente.
Outra coisa que também ouço é: Não quero tomar remédio para sempre.
Mas uma coisa é certa: Se você fizer o acompanhamento certinho, conforme a indicação do médico, esse acompanhamento tem tempo para começar e terminar.
O grande problema é que nos primeiros quinze a vinte dias a pessoa sente efeitos da medicação no organismo e desiste, pois acha tudo isso ruim. Ou na outra ponta do processo, estão aqueles que depois de um mês tomando já sente o milagre da cura e largam…
Péssima ideia, pois o organismo ainda está se adaptando e a medicação precisa ser tomada exatamente conforme o que o médico receitou, pois com base no que você perceber de melhora, ele irá aumentar ou diminuir a dosagem, mas sempre o médico, e somente o médico pode fazer isso.
Vou além…
A mesma idéia de uma pessoa que engordou trezentos quilos em dez anos e quer eliminar os trezentos quilos em um mês. Não existe milagre, existe um processo…
Com a Psiquiatria é a mesma coisa.
O processo de depressão, ansiedade, pânico, ou seja lá o que for, tem um tempo para se instalar e precisa de um tempo e paciência para que fique estável com o acompanhamento correto de um psicólogo e um médico de confiança.
Desta maneira, quando alguém te perguntar se você já foi a um psiquiatra, considere a possibilidade, não como uma pergunta ofensiva, mas como a possibilidade de se cuidar um pouco mais e reconhecer que existem coisas que a gente não consegue resolver sozinhos. Ok?
Ah…. e tudo bem pedir ajuda.
O médico e o psicólogo estão ai para isso!
Boa semana!
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